quinta-feira, 15 de maio de 2008

Sonoridades


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É como o vento. Não dá para ver, mas dá para sentir. Apunhalar o tempo com graça, a ponto de fazê-lo pensar antes de se desenrolar. Fez os dias acordarem mais tarde pelo excesso de palavras da noite. Aprisionou o girar dos dias no balanço dos seus cabelos, nas estrelas do seu rosto, na cor de mel da tua pele, nas Luas dos teus olhos. O tempo pediu tempo, seus infinitos segundos não comportaram a intensidade da explosão do futuro sonhar, e que sonho. Ele ficou devagar demais, de tanto em tu pensar.
A beleza do dia começa e termina não era no Sol dormir ou acordar, mas nos incontáveis sorrisos do teu olhar, no terno prazer de sentir cada pedaço respirar, viver sabendo que o espírito não precisava mais procurar. Não haveria de pensar em trocar as estrelas caindo do Céu já que elas acabam acordando no teu olhar, a luz não apaga, nem no ardente sol do verão. No dia que você nasceu, os anjos se juntaram e decidiram criar o sonho e o tornar realidade.
Por um momento, a vida me pareceu simples, fácil, mar de prazeres. Faltava o elo que ligava todos os poréns, o alívio das dificuldades, a bonança dos dilúvios cotidianos. O jardim estava pronto, e floresceu. Busquei nas simples palavras desta página o mesmo que chão de aço.
O chão recebe insultos e devolve flores!
Doces flores. A flor é bela porque é simples, não se cobra, ela é. Sabe que a vida acontece, que acaba, mas vive as delícias de passo a passo se tornar. É como a criança, que não sabe que encanta pela ingênua originalidade.
Experimento o gosto do vazio, uma árvore de outono, sem vida, sem folhas, sem flores. Sinto um vaso que perdeu sua maneira de ser. Sinto que o quebra-cabeça da vida me roubou a peça, criou o encaixe e desapareceu. A escuridão das vozes sussuram no meu ouvido, sinto sua respiração no meu cangote. Lançam a dor da esperança e da batalha vencida.
Se engana aquele que acha que sufocar a verdade a faz sumir. Cria algo que no futuro enforca o presente, o passado e o próprio futuro, o arrependimento. É como a luz, que ilumina as próprias sombras, ilumina seu algoz, penumbra seus medos. E não é experiência, pois este é o nome que os ingênuos dão aos próprios erros.
Fui aqui, fui ali e fui lá. Fui isso, fui aquilo. Foi aqui, foi ali, foi lá. Foi isso.
No trem da vida, o caminho são as estrelas, que aparecem agora abaixo de meus pés. Os trilhos se montam. Coração que se trai, em prantos logo cedo cai.
Grito com toda a voz, misto de dor e ardor, esperança e lembrança, tirar e solidificar. Espere! Sim, pela vida, se preciso. O medo que cega não está nos outros, mas em si. Peso na balança, espectro das sombras. Não se esconda pois a vida ronda, sonda. Busca e pede resposta. Muda as perguntas, a dinâmica que a faz única.
É preciso. Chegou a hora. Não pela vontade, mas pela necessidade. Foram 15 dias de um mês de uma eternidade. Príncipe da Ópera de Paris dê-me sua máscara para minha paixão reprimir, encobrir, fingir que é assim para conseguir.
Rodeio por ter tanto o que falar, mas a fundo prefiro guardar, a ponto de emoção não transbordar. Palavras que fizeram este blog, cicatrizam na mente daqueles que estas pequenas coisas fizeram tocar. Seja na alma, seja no coração ou no pensar. Mas cada ponto, letra e vírgula foram geridos para você. Inventei as "canções de Rei" para enfeitar aquilo que um dia princesa esperava agradar. Eu sei, e saberei asim como tu, que da maneira que foi, grande como o mar, o ar, o sonhar, não será com outrem.
E cantar neste lugar, me cria falso sonhar, por isso o cessar, o sufocar, já que a minha esta é a posição que me foi concedida a tomar. Espero que o efeito de tais tenha sido como o de uma flor, que nasce, cresce e morre, mas sempre imprime a beleza duradoura mesmo no pouco tempo que esteve no pomar. Fiz, vivi, senti sem rancor, escrevi, e a quem rimou, é o que me realizou.

Despeço-me deixando ao destino aquilo que o próprio começou. Deu-me o sonho, e de súbito o tirou.

Um comentário:

Fabi [lizatômica] disse...

é Paladino
tenho dúvidas se entendi ou não
isso foi uma carta de despedida???
sei que você sempre escolhe as melhores palavras arranjadas de uma forma bem bonita e que me faz cada dia mais te admirar...
quero papear...
é isso
escreva sempre
Não deixe a poesia morrer