quinta-feira, 1 de maio de 2008

Fragrância

Senti o aroma da aventura, da novidade, do futuro.
Tateou-me com suas mãos suaves, aconchegantes,
Olhou-me com seu rosto faceiro, cheio de vida,
Transpirava diferença, ainda que mascarada,
Pisava com força no chão já desgastado, mas andava nas nuvens.
Se fez apagar, e passei a sentir o aroma do passado,
que sussura lágrimas e soluça lembranças.
Pensei que nada precisasse existir para existir,
que certos poréns estão além do alcance dos olhos.
Aquilo que acaba, continua a existir,
dentro de cada um, apesar de relutância de querer existir como fato.
A existência não se define como objeto,
mas como valor que se atribui a cada pequena coisa.
Ultrapassa o limiar do concreto,
fura o ódio, o nojo, o tédio assim como a Flor de Drummond.
Solitária ou cercada, continua a existir.
É única, e nem é preciso pedir que se seja feliz, e sim para que apenas seja.
Ela não é um fim, mas um instrumento.

Paciência. Sagrada, assim como aquela do mar no inverno.


Este aroma, "fragrância molhada por mil lábios do céu",
enraizado, a todo tempo procura lacunas.
Arvoreou tanto quanto foi possível,
e tenta encobrir o orgulho, os valores, as palavras sempre maturadas.
Este aroma, não se esvai,
sua essência consome a luz de janeiro, um coração inteiro, me rouba a chave do sossego.


Este aroma.

Um comentário:

Fabi [lizatômica] disse...

Podia ser egoísta e dizer pra tu continuar sentindo essa estranha dor, só para escrever cada vez mais belos poemas e escritos, mas como o meu lado egoísta só existe de quando em quando, digo: Seja feliz... Os seus belos escritos darão um jeito de existir juntamente com a felicidade.